quinta-feira, 24 de março de 2011

Geração à Rasca – a mobilização da sociedade civil

No dia 12 de Março, assistimos, a nível nacional, a uma das maiores acções de protesto e de descontentamento da sociedade civil contra a situação de crise que Portugal atravessa.
            Esta acção legítima e massiva de reivindicação desponta de outras acções de descontentamento geral da população portuguesa, destacando-se o ressurgir da canção de protesto, que teve o seu expoente máximo no tema dos Deolinda “Que parva que sou” e também com o inusitado grupo vencedor do Festival da Canção, formado pela dupla de humoristas Jel e Falâncio.
            Outro forte indicador de mudança esteve bem vincado nas palavras do Presidente da República, aquando do seu discurso de tomada de posse, ao apelar ao sobressalto cívico e à manifestação dos jovens.
            Assim se chegou à manifestação do passado dia 12 de Março, organizada e dinamizada por um grupo de jovens da chamada Geração à Rasca, que entre outras reivindicações, reclama o direito a uma oportunidade de trabalho à qual deveria corresponder um salário condigno e uma correspondente estabilidade laboral.
            No entanto, sabemos que esses legítimos objectivos de vida, no quadro actual, são cada vez mais difíceis de alcançar, daí se compreender o descontentamento crescente de uma geração qualificada e habilitada, que tarda a encontrar trabalho num mercado ao qual é cada vez mais difícil aceder.
            Por outro lado, perante o actual quadro de contracção económica, provocado, em boa parte, pela diminuição do poder de compra das famílias, fruto da redução de salários e do aumento de impostos. Sabemos que a criação de novos postos de trabalho, a fixação de empresas geradoras de mais-valias e de riqueza e o desenvolvimento agrícola são vectores que assumem importância vital para o desenvolvimento nacional e que deveriam merecer toda a atenção dos responsáveis governativos.
            Em Viseu, já tínhamos assistido a dois momentos marcantes de protesto, um totalmente legítimo e que consistiu numa conferência de imprensa, realizada no Irish Bar, e que teve como objectivo apresentar o movimento da Geração à Rasca aos viseenses.
Quanto ao outro momento, manifestamos as nossas reservas e o nosso repúdio quanto à forma como foi realizado, independentemente da validade das razões que se encontram na sua génese. Na verdade, foi um gesto de invasão condenável, que em nada dignificou quem o pensou e realizou, visto que, a democracia exige liberdade, mas também o respeito pelo outro e pelo seu espaço de reunião.
            Quanto à manifestação de protesto realizada em Viseu, no dia 12 de Março, pela Geração à Rasca, verificámos, que apesar de não ter um elevado número de aderentes, não deixou de ser um momento significativo para aqueles que nela participaram.
            Não pode, pois, passar à margem dos partidos políticos o descontentamento nacional de cerca de 280 000 mil pessoas, organizadas e mobilizadas através das redes sociais. Na verdade, é algo a que os partidos políticos devem estar particularmente atentos, mostrando disponibilidade para ouvir, analisar e agir.
             A Comissão Política Concelhia do CDS-PP, sem pretender retirar quaisquer dividendos políticos deste movimento de contestação, vem afirmar a sua total disponibilidade para, em conjunto com outras forças políticas da cidade de Viseu, promover um debate alargado, no qual se dialogue abertamente e com verdade sobre esta problemática, procurando encontrar, de modo conjunto, soluções que privilegiem o bem-estar social dos viseenses, o qual, no nosso entendimento, deve ser uma prioridade supra partidária.  
Nota: Texto publicado no site ViseuMais.com

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