sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011

Protecção aos Idosos

A Comissão Política Concelhia de Viseu do CDS-PP acompanha com preocupação os acontecimentos que atingem a população idosa deste país, considerada como uma das franjas mais desfavorecidas da população.

Relativamente às estatísticas demográficas, segundo dados do INE, referentes a 2009, citados num estudo do Sistema de Indicadores de Desenvolvimento Sustentável (SIDS; 2010), assiste-se em Portugal a um envelhecimento progressivo da população. Importa clarificar que se considera idoso aquele que tem 65 ou mais anos de idade.
Com efeito, o envelhecimento populacional atinge, segundo aqueles estudos, principalmente as mulheres, espelhando o reflexo da sua maior longevidade.

A região Centro é uma das zonas do país que, na última década, apresenta maiores índices de envelhecimento, verificando-se também um aumento preocupante do número de idosos considerados dependentes.

Muitos dos idosos vivem hoje na mais completa solidão, não possuindo qualquer suporte familiar ou apoio de retaguarda proporcionado por entidades públicas ou privadas de cariz social. O fenómeno, não sendo exclusivo de Portugal, adquire entre nós contornos graves devido à sobreposição da idade, do isolamento, da doença e da pobreza, que geram situações de fragilidade extrema. Importa pois desenvolver meios para melhor atender às dificuldades do crescente do grupo de idosos.
A comunicação social, nos últimos dias, tem dado especial relevo ao isolamento desta população.
Tememos, contudo, que, tal como outras problemáticas, após este período de interesse mediático tudo continue na mesma, sem solução.
Importa também reflectir sobre o facto de a solidão ser uma, apenas uma, forma de mau trato ao idoso.
A expressão “mau-trato” associa-se normalmente ao acto de maltratar alguém à violência física. Contudo, a violência física é apenas uma das tipologias, identificadas como mau-trato, entre uma panóplia bem mais vasta, que enquadra vários casos desde a “simples” negligência até ao abuso propriamente dito. 

Se considerarmos as directrizes presentes no estudo Missing Voices (WHO, 2002) verificar-se-á que é feita uma divisão em três grandes áreas, a saber: negligência (isolamento, abandono e exclusão social), violação (das mulheres, legal e dos direitos médicos) e privação (das escolhas, decisões, status, finanças e respeito).
A qualidade de vida dos idosos fica radicalmente diminuída quando sujeitos a quaisquer que sejam as tipologias dos maus tratos sofridos.
Neste sentido, consideramos que urge construir medidas de intervenção no mau trato ao idoso que passarão pela prevenção, informação e educação através de programas específicos na escola e dos meios de comunicação.
Entendemos também que para evitar actos lastimáveis de mau trato e negligência para com os nossos idosos devem ser adoptados e privilegiados dois modelos de intervenção: a Animação Sociocultural e a Mediação e Resolução de Conflitos.
Consideramos também que é premente a criação de Comissões para a Protecção de Pessoas Idosas em Risco, tal como alertou, em tempos, sua excelência o Presidente da República, não tendo contudo o devido impacto. Parece-nos pertinente colocar na agenda este tema, não de forma avulsa ou mediática em que tudo se diz e pouco ou nada se faz. Este tema é demasiadamente complexo para que se façam análises circunstanciais, conduzida pelos media. 
A sociedade portuguesa deve despertar para esta realidade e debater seriamente as soluções a adoptar para a promoção da qualidade de vida em todas as idades, derrubando barreiras alicerçadas em estereótipos. 
Aqui fica, desde já, plasmada uma pergunta de partida: Para quando a integração plena do idoso no actual modelo de cidadania? 

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