sexta-feira, 29 de outubro de 2010

Entrevista a Jorge Azevedo - Presidente CPC de Viseu - “O que me comprometi de início foi aumentar a influência do CDS nas estruturas autárquicas”

Jorge Azevedo tomou posse como líder da comissão política concelhia do CDS-PP de Viseu no dia 15 deste mês de Outubro. É professor na Escola EB 2/3 Dr. Azeredo Perdigão, foi o número dois na lista do CDS candidata à câmara de Viseu nas últimas eleições autárquicas.
Admirador de Hélder Amaral (CDS-PP) reconhece-o como o melhor deputado por Viseu. Não esconde o reconhecimento do trabalho feito pelo actual presidente da autarquia, Fernando Ruas, mas aponta o dedo a algumas obras. Diz que o actual modelo de fazer política em Portugal está esgotado e propõe o rumo da mudança com objectivos bem definidos até 2013 e que passam em muito pelas próximas eleições autárquicas.

Disse na tomada de posse que ser político e fazer política, na conjuntura actual, é um acto de altruísmo e obriga-nos a assumir compromissos com a verdade, a transparência e a lealdade”. Isto é o quê?

Eu não me recordo que tenha feito alguma coisa a alguém com o sentido de passar por cima dele. Dizem-me: “é retórica do iniciante”. Já ouvi isso, toda a gente diz isso, mas de uma vez por todas deixem que se seja assim.

Considera que hoje a política é feita muito a partir de interesses pessoais?

Não admito é que as pessoas tenham confundido serviço público com serviço pessoal, esse é que é o problema. Eu sou um mero servidor público e se for para a política vou servir como sirvo numa escola e noutro sítio onde tenha que dar a minha ajuda.

Mas reconhece que hoje as pessoas na política não estão com esse espírito e quem o tem pode ser arrasado?

Se as pessoas quiserem ler nas entrelinhas dão conta que a política do calculismo e do óbvio e de tentar ludibriar as massas acabou. Ou damos uma imagem positiva do que somos, de que queremos que as pessoas sejam determinadas, que sejam empreendedoras, que sejam inovadoras, que sejam justas, solidárias. Eu não quero ir para a política para me servir.


Esse discurso ouve a todos os políticos.

Com certeza, mas eu luto pelas coisas que acredito.

O actual modelo de fazer política em Portugal está esgotado?

Tenho a certeza absoluta. O modelo de estar à espera da política para a auto-promoção ou para tentar organizar a vida acabou.

No seu discurso disse também: o “plano de acção deverá culminar com as eleições autárquicas de 2013, para que sejam julgados pela nossa eficácia ou ineficácia”. Assume a liderança do CDS até às autárquicas?

Estou disposto a isso desde que, em primeiro lugar, os militantes assim o entendam. Há sempre os calculadores da política que aparecem à ultima hora sabe-se lá vindos de onde e eu marquei logo o território dizendo: se querem avancem já.

As próximas eleições autárquicas são o objectivo?

Com certeza e gostava de ser julgado por elas.

Que metas vai definir?

As que defini no meu discurso. Aumentar o número de representantes do CDS nas assembleias de freguesia, aumento do número de representantes junto da assembleia municipal e aumento do número de votos. Se o trabalho for bem feito poderemos ambicionar mais, mas o que me comprometi de início foi aumentar a influência do CDS nas estruturas autárquicas do concelho.

O Jorge Azevedo vai ser candidato à Câmara Municipal de Viseu?

O Jorge já tem o candidato na cabeça para propor, agora, o Jorge tanto pode ser actor principal se o entenderem, embora ache que não deve ser nesta fase, mas já pensou num candidato que não é o Jorge.

Já o abordou?

Não.

Qual é o perfil?

Tem que ser uma pessoa trabalhadora, honesta, com grande curriculum e que vá à luta.

A impossibilidade do actual presidente, Fernando Ruas se recandidatar pelo PSD abre as portas a um melhor resultado para o CDS?

Essa é uma leitura simplista. O CDS tem que trabalhar independentemente de ser o dr. Fernando Ruas ou outro candidato. Eu gostaria de estar hoje a apresentar o candidato autárquico porque não faço a política do cálculo.

Portanto, vai recandidatar-se daqui a dois anos?

Vou-me sujeitar às eleições de 2012 se cá estiver.

É favorável à limitação de mandatos?

(Voltou à pergunta sobre a saída de Fernando Ruas da autarquia de Viseu). Penso que o dr. Fernando Ruas vai para melhor. Já é um ilustre viseense que deu tudo à cidade, mas creio que vai para melhor.

Vai para ministro?

Não é isso. Aquilo que desejo é que as pessoas vão para melhor.

Mas é favorável à limitação de mandatos?

Sou favorável em tudo. Não deve ser só para os autarcas, deve estender-se a todos os cargos, a bem da política, a bem do país e a bem das pessoas.

O CDS tem dois deputados na Assembleia Municipal de Viseu. Eles devem estar coordenados com a acção da concelhia ou devem ter total liberdade de acção e de pensamento?

Liberdade de acção e de pensamento todos devem ter. [Em vez de coordenação] Tem que haver uma articulação.

O que pensa da abertura dos hipermercados aos domingos e feriados durante todo o dia?

Acompanho a posição do deputado Hélder Amaral. Viseu tem uma identidade própria não tem uma identidade comparável com Aveiro ou Vila Real, tem um pensamento próprio.

Discorda da posição do presidente da Câmara de Viseu.

Acho que o dr. Fernando Ruas não tem necessidade [de assumir essa posição], até porque é uma pessoa de ideias próprias.

Hélder Amaral, não se pode recandidatar à liderança da distrital do CDS no próximo ano (eleições a 11 de Janeiro). Quem o deve substituir?

Vou responder com uma frase: não serei o actor principal, mas também não serei figurante.

Para quem quer ser claro, está a ser turvo?

Não serei a pessoa que substituirá o Hélder Amaral, mas não serei a pessoa que encara esse acto como um acto que não tem importância.

Não se põe e hipótese de acumular funções?

Não. Pode escrever que é garantido.

Se houver eleições legislativas antecipadas em 2011, Hélder Amaral deve voltar a ser o cabeça de lista por Viseu?

O Hélder é um excelente deputado, o Hélder é o meu deputado. Fez um excelente trabalho de que o CDS se deve orgulhar e que os outros partidos aprenderam a respeitar. E vou fazer muita força para que o número dois [da lista] seja do distrito de Viseu.

Se fosse presidente nunca avançava com o projecto do funicular?

Poderia fazer mas com outro sentido, com um sentido global articulado com outras infra-estruturas de apoio. Qual é a infra-estrutura que temos em Viseu em que vêm escolas de todo o país?

Qual é a sua proposta?

Que se criem.

Por exemplo?

Parques biológicos como há em Gaia, o oceanário em formato reduzido como há no Porto, coisas, ideias, vamos ser inovadores e não bater no funicular porque já está feito.

Tem a praia fluvial anunciada.

Não comento “fait-divers”.

Não é um “fait-diver”, o projecto foi anunciado.

Se for um dique que traga água de Aveiro para Viseu contem comigo para apoiar o projecto.

NOTA: informação retirada do Jornal do Centro.

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